Consulta do Viajante

Um dos muitos preparativos necessários para a minha viagem ao Vietname é a consulta do viajante. Todos os que viajam para países "estranhos" devem fazê-lo. Por países estranhos entenda-se países com climas completamente diferentes do nosso e com maior propensão ao desenvolvimento de doenças. Por norma países tropicais:  ninguém vai à consulta do viajante se for passar uma semana a Bruxelas ou Paris, mas todos devem fazê-lo se forem para países como Moçambique ou Vietname, que foi o meu caso.

Existem vários locais onde a Consulta do Viajante pode ser feita, alguns públicos, outros não, por isso atenção ao fazerem a marcação. Podem ver a lista aqui. Por acaso, o local onde eu fiz a consulta não vem nessa lista, mas pronto, acrescento a informação que no hospital Egas Moniz também fazem a consulta. Outro aspeto importante é a vacinação: nem todos os locais que têm consulta do viajante fazem a vacinação. Ou seja, em vez de ficarmos logo despachados com consulta e respetiva vacinação não, dependendo das vacinas a tomar podemos ter de ir à farmácia ou a um outro centro de saúde para sermos vacinados, ou as duas coisas, que foi o que me aconteceu.

Para o Vietname então, a doutor prescreveu:

- Profilaxia para a malária: ao contrário de muita gente, o Mefaquin foi tranquilo comigo, não teve efeitos secundários. No entanto, o mosquito da malária é resistente à mefloquina, pelo que as opções eram o Malaron (cada caixa de 16, penso eu, eram quase 50 €) e a doxiciclina (muito mais barata, fica por cerca de 15€). Cada um destes pede uma toma diária de comprimido (o Mefaquin era semanal, muito melhor), sendo que a doxiciclina implica tomar os comprimidos durante mais 4 semanas depois do regresso e o Malaron apenas uma semana. É de referir que a profilaxia para a malária é quase inútil: limita-se a ter uma taxa de eficácia de apenas 30%, pelo que se surgirem alguns efeitos secundários nem vale a pena insistir na profilaxia, é largar e pronto. Para proteger da malária e de outras doenças relacionadas com mosquitos, o melhor mesmo é repelente, repelente, repelente e dormir com rede mosquiteira. Nota importante: o único efeito secundário conhecido da doxiciclina é a uma hipersensibilidade à luz solar (acontece em car de 10% dos casos), pelo que é preciso abusar no protetor solar;

- Vacina da Hepatite B (já tinha) e Hepatite A. A da Hepatite A apenas tinha levado uma dose de criança, pelo que tive de levar tudo de novo: uma toma antes da viagem e um reforço 6 meses depois. A vacina custa cerca de 20€ e tem de ser adquirida na farmácia para depois irmos levar a um centro de saúde;

- Vacina da febre tifóide: não pode ser adquirida na farmácia, é ir diretamente ao centro de saúde que faça vacinação internacional e comprar lá.

Para além destas, é garantir que todas as "normais" estão em dia, como tétano, por exemplo. Poderão vocês estar a perguntar-se porque é que algumas vacinas se têm de ir comprar à farmácia e outras não. Pois, eu também não faço ideia e acho parvoíce que o local onde se faz a consulta do viajante não permita realizar, de imediato, todas as vacinas necessárias. As pessoas têm trabalho, e não podem estar a faltar constantemente, um dia para a consulta, outro dia para a vacina... eu consegui resolver tudo no mesmo dia, mas andei a correr, literalmente, para o conseguir, entre o hospital Egas Moniz, a farmácia e o centro de saúde de Sete Rios, e consegui ser vacinado porque as senhoras foram simpáticas e estenderam o horário, já que  vacinação terminava, em teoria, às 15h30.

- Para além das vacinas, há outros cuidados a ter, que já conhecia, mas que a médica fez questão de reforçar, e que coloco aqui também, para quem leia isto interessado em viajar: evitar alimentos crus, como saladas; beber água engarrafada apenas; pedir bebidas frescas, mas sem gelo, porque o gelo é feito a partir de água canalizada; pôr muito protetor solar, porque o sol pica mesmo, e evitar roupa muito descoberta (acho que vou comprar roupa vietnamita, está preparada para o clima e fico mais integrado na cultura). A finalizar, a cereja no topo do bolo: "sabe que em todo o lado há o problema das doenças sexualmente transmissíveis. Aconselho a que leve proteção e esteja sempre protegido. Recomendo, aliás, proteção também nos preliminares...." :) :)

A forma como está organizado o sistema das consultas é uma parvoíce que importa denunciar. Eu inscrevi-me (ou melhor, a D. inscreveu-me :) ) e fui informado que deveria lá estar às 12h15 para a consulta. Chegado lá, fiz a inscrição e indicaram-me que a consulta ia começar às 13h... por ordem de chegadas das pessoas às 12h15! Portanto, eu fui o terceiro a ser atendido, logo tinha consulta mais ou menos por volta das 13h30. Então mas se a consulta estava marcada, por que raio é que tenho de lá estar mais cedo, não basta ir à hora marcada? Não é para isso que servem as marcações? Pois, aparentemente no nosso sistema de saúde.... não :)

Escusado será dizer que as consultas não começaram às 13h, conforme indicado, mas só bem depois das 13h30, sem qualquer justificação e um pedido de desculpas da enfermeira dado assim de fugida. Os doentes têm de estar a tempo e horas, aliás, 45 minutos antes do que deveriam, no mínimo, os senhores doutores podem atrasar-se sem problema...


Recomendação importante: verifiquem sempre se o local onde vão fazer a consulta faz vacinação também, ou se têm de gastar mais um dia de trabalho para irem levar a pica...